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Janaína Felisberto - Publicado em 09-11-2018 13:00
Campus Araras celebra 25 anos do curso de Engenharia Agronômica
Thiago Terzi (Foto: acervo pessoal)
Thiago Terzi (Foto: acervo pessoal)
O Campus Araras da UFSCar está promovendo desde o mês de outubro uma série especial de reportagens com alunos egressos do curso de Engenharia Agronômica do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade. A iniciativa marca o "Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo", comemorado em 12 de outubro, data da regulamentação da profissão no País. Além disso, em 2018, a UFSCar celebra os 25 anos de implantação do curso. Desde então, já foram formados mais de 800 profissionais, que atuam nas mais diversas áreas da Agronomia.

Esta terceira reportagem da série apresenta Thiago Terzi, que concluiu a graduação no ano de 1997, e atualmente mora nos Estados Unidos, onde é empreendedor no mercado de commodities agrícolas. Já no último ano da graduação, Terzi participou de seleções para mestrado em Economia Agrícola na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) e em Engenharia de Produção na UFSCar. Além disso, também concorreu ao programa de estágio do Grupo Cargill. Aprovado nos três processos seletivos, Terzi optou pelo estágio na divisão de café da empresa.

Durante o ano de 1998, atuou na Cargill negociando cafés brasileiros na bolsa de valores e em leilões. Na função, ele aprovava e negociava o café a ser exportado, financiava produtores brasileiros e fornecia suporte ao presidente da divisão no Brasil e a outros profissionais do mercado financeiro. Em agosto do mesmo ano, foi convocado pela empresa a se mudar para os Estados Unidos, para gerenciar o comércio de café brasileiro no exterior e oferecer suporte para as grandes indústrias de torrefação mundial. Nesse período, administrou o livro físico e financeiro de 70% dos cafés da Nestlé pelo mundo, além de gerenciar as posições de embarque, câmbio, bolsa e logística de toda a operação do Brasil, Peru e Uganda.

No ano de 2001, a divisão foi vendida para uma organização de origem espanhola, e como Terzi tinha interesse em permanecer morando nos Estados Unidos, saiu do Grupo Cargill. Logo depois, devido à sua experiência na área, acabou sendo contatado pela Bloomberg, instituição americana do ramo de serviços financeiros, para ajudar na criação de uma divisão de informações voltada ao mercado de commodities. "Começamos a construir um banco de informações relevantes para grandes investidores mundiais. Depois, assumi a divisão de logística e de clima desenvolvendo ferramentas que avaliassem o impacto desses dois elementos no setor agrícola e na economia em geral", lembra o egresso da UFSCar.

Em 2012, ele deixou a Bloomberg e estabeleceu parceria com a empresa brasileira de consultoria Datagro, onde se tornou o presidente da divisão de dados e informação, coordenando equipes e criando produtos, com foco no monitoramento em tempo real do campo, nas principais origens produtoras de cana pelo mundo. "Foi uma transição muito positiva e um trabalho bastante gratificante. Trabalhava entre 14 e 16 horas por dia, incluindo finais de semana. Após passar anos nesse ritmo, resolvi que era o momento de mudar, caminhando com foco no empreendedorismo, por meio do conhecimento e experiência adquiridos", conta Terzi.

Até que, em 2016, fundou seu próprio negócio, o The Commodity Innovation Lab, nos Estados Unidos. A companhia atua no ramo de tecnologia da informação, ajudando organizações do setor agrícola na construção e expansão de seus negócios, através da análise dos dados gerados por elas próprias. Além disso, Terzi também é investidor de startups do setor agrícola pelo mundo e membro do conselho administrativo de outras quatro empresas do setor. 

Em seu cotidiano atual, o empreendedor afirma que é essencial estar em dia com os idiomas Inglês e Espanhol e lidar com softwares de programação constantemente. A carreira também exige flexibilidade para enfrentar os desafios. Para o egresso da UFSCar, o principal deles foi vencer o choque cultural. "Ao chegar a outro país, é necessário passar por um processo gradual e ao mesmo tempo intenso de adaptação, que envolve deixar o ambiente familiar para trás e assimilar uma nova cultura e um novo ambiente social", destaca. 

Em relação ao período da graduação, ele acredita que o modo como conduziu o curso influenciou muito em sua carreira. "Sempre tive muito respeito por todos, tanto professores quanto colegas de sala, e adotava uma postura de diálogo. Até hoje faço questão e tenho muito prazer de poder ajudar aqueles que entram em contato comigo, em busca de apoio", afirma. 

Terzi também relembra que, durante a graduação, sempre manteve a mentalidade aberta para explorar diversas áreas e decidir na qual gostaria de atuar, mas que o apoio que recebeu de um de seus professores nesse período foi fundamental para desenvolver seu potencial. "O apoio moral que recebi do professor Hermann Hoffman realmente me marcou. Foi alguém que verdadeiramente acreditou no meu potencial, a ponto de entrar em contato com a Sucorrico, empresa onde fiz entrevista em meados do 5º ano do curso, para uma vaga de trading de suco de laranja na Holanda. Jamais me esquecerei de seu carinho e dedicação", recorda com gratidão. 

Aos futuros engenheiros agrônomos, Terzi aconselha: "Invista no aprimoramento de seu conhecimento de idiomas durante o período da graduação. Busque estágios já no primeiro ano, para começar a adquirir experiência na área o quanto antes. A graduação é o momento de explorar, se arriscar e não ter medo de cometer erros. Sempre há algo novo a aprender e cada mínima experiência pode fazer a diferença. Explore todas as oportunidades, mas eventualmente comece a focar em uma matéria ou tópico que despertou mais seu interesse. Se puder, invista em um curso de programação, pois de uma maneira ou de outra lidamos com dados estratégicos no dia a dia, e a entrada da tecnologia no campo está ampliando os horizontes de uma maneira nunca antes vista". 

Na trajetória de Thiago Terzi, é possível perceber o papel importante da Universidade, ao fornecer as ferramentas necessárias para que o aluno construa sua carreira de sucesso, tais como estágios em diversas áreas do conhecimento, oportunidades de iniciação científica, disciplinas teóricas com aplicação prática e fomento ao pensamento crítico.

A UFSCar oferece um dos mais conceituados cursos de Engenharia Agronômica da América Latina. Os estudantes do curso têm, além das disciplinas teóricas e as práticas de laboratório, a possibilidade de participar de diversas atividades de campo, muitas delas desenvolvidas no próprio Campus, uma antiga fazenda de 230 hectares, onde docentes da Engenharia Agronômica desenvolvem projetos de ensino, pesquisa e extensão em vários setores das Ciências Agrárias. 

A coordenação do curso está a cargo do professor Ricardo Augusto Viani, que idealizou essa série de reportagens e, em parceria com a Coordenadoria de Comunicação Social da UFSCar (CCS), viabilizou sua realização. A primeira e a segunda reportagem, com a trajetória dos egressos Rachel Filipov e Lucas Amaral, continuam disponíveis no site do Campus Araras. Para saber mais sobre o curso de Engenharia Agronômica da UFSCar, oferecido no Campus Araras, acesse www.agronomiacca.ufscar.br.