Notícia
Um estudo na área da Educação Especial da UFSCar quer saber como as pessoas que, durante a infância ou a adolescência, passaram por tratamentos de uma doença crônica, relatam os atendimentos pedagógicos em classes hospitalares. Além disso, o trabalho investiga se esse atendimento recebido nas classes hospitalares influenciou a trajetória e a vida escolar destas pessoas. Para isso, está convidando voluntários para entrevistas no formato remoto.
"A classe hospitalar é o atendimento pedagógico realizado dentro dos espaços de saúde (ex.: hospitais) junto a estudantes que, por causa de sua condição clínica ou das necessidades do tratamento, não conseguem frequentar a escola regular, seja em caráter temporário ou permanente", define a responsável pela pesquisa, Ana Elisa Peixoto Scavacini Machado, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) da UFSCar.
A pesquisadora explica, ainda, que as doenças crônicas - consideradas no histórico dos voluntários do estudo - "são enfermidades que costumam ter um prognóstico incerto e, muitas vezes, acabam levando a sucessivas internações. Assim, os cuidados junto à saúde demandam diferentes tipos de intervenções, que promovem desde mudanças no estilo de vida até a privação do convívio familiar. No caso de crianças e adolescentes, a hospitalização também os afasta do ambiente escolar, que é imprescindível tanto para o aprendizado de habilidades cognitivas quanto para o estabelecimento de diversos elos sociais".
Importância das atividades pedagógicas em internações
Segundo a mestranda da UFSCar, pesquisas apontam que estudantes hospitalizados, cujos processos educativos são interrompidos correm maior risco de reprovação e evasão, levando, inclusive, a um quadro de fracasso escolar. "Porém, quando participam de atividades pedagógicas durante o período de adoecimento e tratamento hospitalar, as crianças e adolescentes são incentivados a buscar a escola regular após a alta do hospital e o afastamento prolongado da escola tende a causar menos prejuízos, uma vez que estarão mais preparados para a retomada de sua escolarização".
Com a investigação, ela espera "identificar os valores atribuídos às atividades pedagógicas realizadas nas classes hospitalares, os quais podem se manifestar tanto em uma dimensão pedagógica, ao promoverem a continuidade do processo de aprendizagem e contribuírem para a posterior reinserção do paciente-aluno à escola regular, quanto em uma dimensão psicológica, ao proporcionarem momentos de descontração e interação, essenciais ao desenvolvimento humano".
Além disso, "somando a outras pesquisas já desenvolvidas nesta temática, o trabalho busca contribuir junto às reflexões acerca da importância de se garantir a oferta do serviço de classes hospitalares em todos os hospitais que disponham de internações pediátricas", avalia.
Participação
Podem participar do estudo pessoas com mais de 18 anos, de todo o País, que tenham passado por uma condição de doença crônica durante a infância ou a adolescência e que tenham, por isso, recebido atendimento pedagógico em classes hospitalares no decorrer da(s) internação(ões). Os interessados podem contatar a pesquisadora Ana Elisa Peixoto Scavacini Machado pelo WhatsApp (11) 99800-5514 ou pelo e-mail aepsmachado@estudante.ufscar.br.
Após a manifestação do interesse, a pesquisadora marcará dia e horário compatível com a disponibilidade de cada participante para conversar sobre o desenvolvimento da pesquisa e solicitar a colaboração voluntária. Dispondo do consentimento, serão realizadas entrevistas individualmente, em dia e horário indicados pelos próprios participantes, que poderão ser feitas online, pelo Google Meet.
O estudo "Reverberações das classes hospitalares nas histórias de vida de pessoas com doença crônica" tem orientação da professora Adriana Garcia Gonçalves, do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs). Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 90878025.6.0000.5504).