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Adriana Arruda - Publicado em 10-11-2025 13:00
UFSCar tem cientistas premiados em evento internacional de refratários
Bruno Reitmann, Victor Carlos Pandolfelli e Otávio Borges (Foto: Divulgação GEMM/UFSCar)
Bruno Reitmann, Victor Carlos Pandolfelli e Otávio Borges (Foto: Divulgação GEMM/UFSCar)

Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da UFSCar foram premiados no 9th International Postgraduates Seminar on Refractories, realizado entre os dias 16 e 17 de outubro. O pós-doutorando Otávio Henrique Borges conquistou o primeiro lugar com o trabalho "Novel refractory raw materials: ecofriendlier alternatives to magnésia-chromium aggregates". Já o estudante de mestrado Bruno Reitmann recebeu o segundo lugar com o estudo "Tailoring titania content to design Al2O3-MgO-TiO2 flexible castables".

Ambos os trabalhos têm sido desenvolvidos no Grupo de Engenharia de Microestrutura de Materiais (GEMM), coordenado pelo professor Victor Carlos Pandolfelli, do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar. A conferência reuniu cerca de 30 apresentações orais, abrangendo desde simulações computacionais até experimentos laboratoriais e desenvolvimento de novos materiais.

O evento, realizado de forma virtual, reuniu apenas grupos convidados que pesquisam na área de materiais cerâmicos aplicados à alta temperatura, mais comumente denominados de cerâmicas refratárias. "Representando as Américas, apenas a UFSCar foi chamada, junto a instituições de outros países europeus, como Alemanha, Áustria, Polônia e França, e dois asiáticos, China e Coreia do Sul. Portanto, conquistar o primeiro e o segundo lugar em tal grupo seleto é uma grande honra e reconhecimento internacional dos estudos realizados pelo nosso grupo de pesquisa", registra Pandolfelli.

Pesquisa e desenvolvimento de novos materiais
Em sua pesquisa de pós-doutorado, Otávio Borges investiga alternativas ambientalmente mais seguras a uma matéria-prima tradicional usada em indústrias como a siderúrgica e a de cobre. "É comum, em diferentes ramos industriais, que soluções de alto desempenho desenvolvidas no passado tenham de ser substituídas devido ao seu elevado impacto ambiental. Um exemplo ilustrativo e recente disso é a substituição do gás refrigerante CFC (clorofluorcarbonos) por outros que não afetem a camada de ozônio. No caso de indústrias, como as produtoras de aço e cobre, um movimento similar tem sido observado, visando substituir uma matéria-prima cerâmica chamada de agregado de magnésia-cromo. Apesar de tradicional e com elevado desempenho, este material é tóxico e pode levar a problemas ambientais se não descartado corretamente", explica.

Assim, em seu trabalho, diferentes técnicas de simulação computacional e de caracterização foram aplicadas para o desenvolvimento de composições alternativas ao material contendo cromo, que apresentassem desempenho e custo competitivos. "O projeto já deu origem a cinco artigos científicos publicados em revistas internacionais e testes em escala piloto estão sendo conduzidos em parceria com a empresa RHI-Magnesita, líder mundial na fabricação de materiais refratários", detalha Borges.

Já o projeto de mestrado de Bruno Reitmann busca compreender e desenvolver composições mais resistentes e flexíveis de cerâmicas refratárias para uso em equipamentos industriais de alta temperatura. "A grande maioria das indústrias de base possui processos que ocorrem em equipamentos que operam a altas temperaturas. Tanto para proteger o ambiente destas condições extremas quanto para aumentar a eficiência energética, estes equipamentos são internamente revestidos por cerâmicas refratárias", contextualiza.

No entanto, ele explica que, em aplicações com ciclos de aquecimento e carregamento, como fornos panela de siderurgia ou fornos rotativos usados na fabricação de cimento, é essencial que esses materiais tenham certa flexibilidade. "Este projeto de dissertação busca, por meio de simulações computacionais e diversos testes experimentais, encontrar formulações de concretos refratários flexíveis de alto desempenho. Estes são materiais-chave para a durabilidade e o desenvolvimento sustentável dos mais diversos setores industriais. Através da integração entre a universidade e a indústria, este estudo tem mostrado grande potencial e já possui resultados parciais publicados", afirma Reitmann.

Reconhecimento internacional
Para os pesquisadores, o reconhecimento internacional reforça a importância da pesquisa desenvolvida no País e o impacto da colaboração entre universidade e indústria. "Receber este prêmio foi motivo de alegria e gratidão. É um sinal claro de que nossa pesquisa sobre alternativas mais sustentáveis ao magnésia-cromo está no caminho certo. Além de validar o esforço da equipe e renovar minha motivação, amplia a visibilidade do GEMM/UFSCar, fortalece parcerias com a indústria e abre portas para novas colaborações e formação de estudantes. Encaro o prêmio como um impulso para avançar nos próximos testes e transformar resultados em impacto real", destaca Borges.

Reitmann compartilha sentimento semelhante: "Foi uma surpresa muito feliz por ver o reconhecimento deste trabalho dentro do campo em que ele se enquadra e, principalmente, a nível internacional. Sendo esta minha primeira premiação, é uma alegria e uma enorme motivação ver este esforço e trabalho sendo reconhecidos. Além disso, isto reforça a minha capacidade e do nosso grupo, da UFSCar e do Brasil em produzir ciência de alto nível e de excelência."

O professor Pandolfelli também destacou os diferenciais dos trabalhos dos cientistas. "Além das qualidades individuais dos dois premiados, destacou-se a relevância dos assuntos pesquisados, assim como a qualidade das apresentações e a capacidade de resposta às perguntas formuladas", finaliza o docente.