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Denise Britto - Publicado em 10-11-2025 12:00
Estudo foca impactos do uso de substâncias psicoativas nos familiares
Pesquisa convida familiares para responderem à questionário (Foto: Freepik)
Pesquisa convida familiares para responderem à questionário (Foto: Freepik)

Uma pesquisa na área da Psicologia da UFSCar está buscando compreender como a convivência com pessoas em uso de substâncias psicoativas impacta a vida de seus familiares, avaliando os níveis de sobrecarga emocional e resiliência.

O trabalho amplia a compreensão sobre os efeitos da dependência dessas substâncias não apenas no indivíduo, mas em todo o sistema familiar, explica a estudante de graduação em Psicologia, Ketlyn Cassiana, responsável pela investigação. "As substâncias psicoativas são drogas que agem diretamente no sistema nervoso central, modificando o funcionamento do corpo e do cérebro. Elas alteram o humor, o comportamento, a percepção e o estado de consciência, podendo causar dependência e diversos prejuízos à saúde física e mental. Fazem parte desse grupo tanto substâncias lícitas, como o álcool, quanto ilícitas, como cocaína, crack e maconha", lista a pesquisadora. "De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o uso dessas substâncias representa um importante risco social e de saúde pública, pois pode afetar pessoas de diferentes idades e contextos sociais".

O estudo quer avaliar os níveis de sobrecarga emocional e resiliência de quem lida com pessoas que usam essas substâncias. A sobrecarga emocional, explica a estudante da UFSCar, refere-se ao peso psicológico e social vivenciado por familiares ou cuidadores que convivem com alguém dependente de substâncias psicoativas. "Essa sobrecarga pode ser objetiva, envolvendo alterações concretas na rotina, nas finanças e nas relações sociais, ou subjetiva, relacionada aos sentimentos de tristeza, culpa, frustração e impotência diante da situação", detalha.

Já a resiliência, também considerada no estudo, diz respeito à capacidade de enfrentar e superar situações adversas, reorganizando-se emocionalmente e fortalecendo os vínculos familiares. "É um processo que envolve esperança, solidariedade, apoio social e espiritualidade, permitindo que a família se mantenha funcional mesmo diante das dificuldades impostas pela dependência de substâncias psicoativas".

Participação
Podem participar pessoas  a partir de 18 anos que convivem (ou conviveram) com um familiar em uso de substâncias psicoativas (como álcool e outras drogas) ao menos duas vezes por semana. A participação é anônima, voluntária, gratuita e online, através do preenchimento do formulário disponível em https://bit.ly/3WtFRoR. O tempo estimado de resposta do formulário é de 10 a 20 minutos. Dúvidas podem ser esclarecidas com a pesquisadora pelo e-mail ketlyncassiana@estudante.ufscar.br

Mais informações
"Para a Psicologia, o tema contribui para o desenvolvimento de estratégias de cuidado e de intervenções que valorizem tanto a saúde mental do dependente quanto a dos familiares. Para a sociedade, a pesquisa traz subsídios importantes para a criação de políticas públicas voltadas ao acolhimento, à prevenção e ao fortalecimento das redes de apoio, reconhecendo o papel da família como espaço de proteção, mas também de vulnerabilidade diante do uso de drogas", avalia a pesquisadora.

O trabalho, intitulado "Resiliência e sobrecarga emocional em familiares de pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas", é conduzido sob orientação da professora Camila Domeniconi, do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar, e conta com apoio financeiro do CNPq, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da UFSCar. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 90471325.5.0000.5504).