Notícia
Denise Britto
- Publicado em
30-10-2025
11:00
Pesquisa investiga democratização da educação no Brasil e na Hungria
É mais provável a eclosão de movimentos democráticos em países de grande extensão territorial, como o Brasil, ou em países pequenos, geograficamente centralizados, como a Hungria? Essa é uma das perguntas que guia uma pesquisa na área da Educação da UFSCar. O objetivo é investigar o processo de democratização da educação no Brasil e na Hungria durante as décadas de 1970 e 1980.
O estudo comparado vem sendo desenvolvido desde 2024 no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) pelo mestrando Murilo Martins Salomé, e é orientado pela professora Marisa Bittar, do Departamento de Educação (DEd) da UFSCar, e coorientado pelo professor Lajos Somogyvári, da Universidade da Pannonia, na Hungria.
O tema surgiu no contexto de um intercâmbio entre pesquisadores dos dois países estudados e também do Canadá. "Desde 2019, eu coordeno com os colegas Lajos Somogyvári (Hungria) e Thérèse Hamel (Canadá) o grupo de trabalho "Observatory for the History of Education" ("Observatório da História da Educação") na comunidade internacional de historiadores da educação (ISCHE)", conta a docente da UFSCar. "Além de mapear internacionalmente a disciplina, passei a desenvolver estudos comparativos entre Brasil e Hungria com o colega Lajos". Já Murilo, autor da pesquisa, é graduado em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), e tem interesse nos estudos de História Comparada.
Brasil e Hungria: semelhanças e diferenças
"No período estudado, a Hungria lutava por democracia dentro do regime do ?socialismo real? dominado pela União Soviética. O Brasil, por sua vez, lutava contra ditadura militar", compara a professora. "Nos dois países, o processo de democratização contou com importante participação da educação - tanto para combater o regime autoritário quanto para democratizar as relações internas no âmbito da própria escola e das relações com o governo".
Apesar de ter a Educação como fator em comum, os dois países apresentam peculiaridades no processo de democratização: "No Brasil houve participação ativa do setor educacional na frente democrática que combatia a ditadura e, em 1982, foram eleitos dez governos estaduais de oposição ao regime militar. Os estados com mais mobilização popular fizeram diferença nessa eleição. Já na Hungria, não houve esse fenômeno: o país é pequeno, o poder mais centralizado e há ausência de regionalismo", compara a docente da UFSCar.
Além disso, a orientadora do estudo destaca que "no Brasil, os movimentos estudantis e de professores exerceram importante protagonismo. A Hungria não contou com movimentos docentes e discentes como os brasileiros, mas lá as famílias se engajaram por autonomia nas escolas, e reivindicar autonomia foi uma forma de contestar o poder central".
Qualificação
O exame de qualificação - que acontece antes da apresentação da versão definitiva da pesquisa - ocorreu no dia 24 de outubro. "Quanto ao tema, a pesquisa foi considerada inédita; quanto à contribuição para se pensar a democracia em ambos os países, realçou-se a importância de se refletir sobre a seguinte questão: é mais provável a eclosão de movimentos democráticos em países de grande extensão territorial, como o Brasil, ou em países pequenos, geograficamente centralizados, como a Hungria? Em que aspectos o poder central exerce mais controle: em países com fortes regionalismos ou em países onde o fenômeno do regionalismo é inexistente? Além dessa questão, a pesquisa suscitou a reflexão sobre permanências de autoritarismo em ambos os países".
A qualificação contou com os seguintes membros na banca: professor Lajos Somogyvári (Universidade da Pannonia); Luís Henrique de Freitas Calabresi (Instituto Federal de Educação - Piracicaba); professora Thérèse Hamel (Université Laval/Canadá) e professora Marisa Bittar (UFSCar).
A defesa da dissertação - intitulada "The democratic transition process of Brazil and Hungary and their impacts on education in the late 1970s and the 1980s" ("O processo de transição democrática e seus impactos na educação no fim da década de 1970 e 1980") - ocorrerá até o final de fevereiro de 2026.
Internacionalização
Com o fortalecimento dos laços de trabalho entre os pesquisadores através desse estudo, a docente da UFSCar indica que há "possibilidades de intercâmbio institucional entre a UFSCar e a Universidade da Pannonia", perspectiva almejada por ela e pelo professor Lajos Somogyvári. Bittar também conta que "Lajos já esteve no Brasil; Murilo ainda não esteve na Hungria, mas é um estudioso do país há alguns anos".
O estudo comparado vem sendo desenvolvido desde 2024 no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) pelo mestrando Murilo Martins Salomé, e é orientado pela professora Marisa Bittar, do Departamento de Educação (DEd) da UFSCar, e coorientado pelo professor Lajos Somogyvári, da Universidade da Pannonia, na Hungria.
O tema surgiu no contexto de um intercâmbio entre pesquisadores dos dois países estudados e também do Canadá. "Desde 2019, eu coordeno com os colegas Lajos Somogyvári (Hungria) e Thérèse Hamel (Canadá) o grupo de trabalho "Observatory for the History of Education" ("Observatório da História da Educação") na comunidade internacional de historiadores da educação (ISCHE)", conta a docente da UFSCar. "Além de mapear internacionalmente a disciplina, passei a desenvolver estudos comparativos entre Brasil e Hungria com o colega Lajos". Já Murilo, autor da pesquisa, é graduado em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), e tem interesse nos estudos de História Comparada.
Brasil e Hungria: semelhanças e diferenças
"No período estudado, a Hungria lutava por democracia dentro do regime do ?socialismo real? dominado pela União Soviética. O Brasil, por sua vez, lutava contra ditadura militar", compara a professora. "Nos dois países, o processo de democratização contou com importante participação da educação - tanto para combater o regime autoritário quanto para democratizar as relações internas no âmbito da própria escola e das relações com o governo".
Apesar de ter a Educação como fator em comum, os dois países apresentam peculiaridades no processo de democratização: "No Brasil houve participação ativa do setor educacional na frente democrática que combatia a ditadura e, em 1982, foram eleitos dez governos estaduais de oposição ao regime militar. Os estados com mais mobilização popular fizeram diferença nessa eleição. Já na Hungria, não houve esse fenômeno: o país é pequeno, o poder mais centralizado e há ausência de regionalismo", compara a docente da UFSCar.
Além disso, a orientadora do estudo destaca que "no Brasil, os movimentos estudantis e de professores exerceram importante protagonismo. A Hungria não contou com movimentos docentes e discentes como os brasileiros, mas lá as famílias se engajaram por autonomia nas escolas, e reivindicar autonomia foi uma forma de contestar o poder central".
Qualificação
O exame de qualificação - que acontece antes da apresentação da versão definitiva da pesquisa - ocorreu no dia 24 de outubro. "Quanto ao tema, a pesquisa foi considerada inédita; quanto à contribuição para se pensar a democracia em ambos os países, realçou-se a importância de se refletir sobre a seguinte questão: é mais provável a eclosão de movimentos democráticos em países de grande extensão territorial, como o Brasil, ou em países pequenos, geograficamente centralizados, como a Hungria? Em que aspectos o poder central exerce mais controle: em países com fortes regionalismos ou em países onde o fenômeno do regionalismo é inexistente? Além dessa questão, a pesquisa suscitou a reflexão sobre permanências de autoritarismo em ambos os países".
A qualificação contou com os seguintes membros na banca: professor Lajos Somogyvári (Universidade da Pannonia); Luís Henrique de Freitas Calabresi (Instituto Federal de Educação - Piracicaba); professora Thérèse Hamel (Université Laval/Canadá) e professora Marisa Bittar (UFSCar).
A defesa da dissertação - intitulada "The democratic transition process of Brazil and Hungary and their impacts on education in the late 1970s and the 1980s" ("O processo de transição democrática e seus impactos na educação no fim da década de 1970 e 1980") - ocorrerá até o final de fevereiro de 2026.
Internacionalização
Com o fortalecimento dos laços de trabalho entre os pesquisadores através desse estudo, a docente da UFSCar indica que há "possibilidades de intercâmbio institucional entre a UFSCar e a Universidade da Pannonia", perspectiva almejada por ela e pelo professor Lajos Somogyvári. Bittar também conta que "Lajos já esteve no Brasil; Murilo ainda não esteve na Hungria, mas é um estudioso do país há alguns anos".