Notícia

Denise Britto - Publicado em 28-11-2024 11:00
Equipe da UFSCar realiza expedições de trabalhos em campo na Amazônia
Integração: equipe e comunidade do Vale do rio Jari (Foto: Divulgação)
Integração: equipe e comunidade do Vale do rio Jari (Foto: Divulgação)
Um grupo de oito pesquisadores da área de Ciências Ambientais da UFSCar, Campus São Carlos, realizou no final do mês de outubro expedições em seis comunidades tradicionais e quilombolas do Vale do rio Jari, localizadas no estado do Amapá. A equipe desenvolveu atividades e trabalhos em campo no âmbito da Iniciativa Amazônia+10.

As ações executadas na Amazônia visaram reconhecer as situações socioambientais dos moradores das comunidades, a fim de caracterizar, diagnosticar e analisar a gestão territorial e o potencial de desenvolvimento local sustentável. O foco das ações foram temas como o turismo, a qualidade da água, a educação ambiental, o bem viver, a gestão de rios, dentre outros, no sentido de protagonizar os atores hidrográficos desses territórios fluviais na construção da governança ao desenvolvimento regional.

A ação é fruto de um projeto da Iniciativa Amazônia+10 e do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) para o qual a UFSCar foi selecionada, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelas Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de outros estados, e envolve instituições de ensino e pesquisa dos estados da Rondônia, Amapá e Paraná. 

O projeto começou já em 2023, antes das expedições, "através de várias atividades de pesquisa e de extensão universitária em diversas comunidades tradicionais, ribeirinhas e quilombolas do Vale do rio Guaporé (localizado no estado de Rondônia, divisa com a Bolívia) e do Vale do rio Jari (localizado no estado do Amapá)", conta o docente do Departamento de Ciências Ambientais (DCAm), Frederico Yuri Hanai, coordenador geral do Projeto.

Além do professor Hanai, a equipe da UFSCar foi composta por dois pesquisadores de pós-doutorado e três doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCAm), além de dois graduandos do curso de bacharelado em Gestão e Análise Ambiental (pesquisadores de Iniciação Científica).

Quando foi
Foram realizadas duas expedições. A primeira ocorreu nas comunidades ribeirinhas, tradicionais e quilombolas no Vale do Rio Guaporé, no estado de Rondônia, no período de 22 de janeiro a 6 de fevereiro de 2024. 

A Segunda Expedição ocorreu nas comunidades ribeirinhas, tradicionais e quilombolas no Vale do Rio Jari, no estado do Amapá, de 23 de outubro a 2 de novembro de 2024.

"Para a realização das Expedições, foi necessária uma grande organização e planejamento logístico para realização dos trajetos e deslocamentos até chegar às comunidades, com deslocamentos de mais de 30 horas (desde SP) em avião, transporte terrestre em estradas de terra, embarcações em trajetos fluviais, com aproximadamente 20 envolvidos", conta o coordenador das expedições.

Atividades da expedição da UFSCar
Durante as expedições, foram realizadas várias atividades:
- Reuniões com lideranças das comunidades locais para integração e fortalecimento de vínculos entre mediadores (pesquisadores da Equipe do Projeto) e membros de cada comunidade;
- Rodas de conversa com apresentação das ações do projeto e realização de atividades coletivas nas comunidades;
- Realização de oficinas multitemáticas nas comunidades abrangendo os temas de educação ambiental, turismo, problemas, vulnerabilidades e demandas socioambientais, saneamento ambiental, saúde, bem-viver e educação;
- Realização de entrevistas com moradores locais;
- Levantamento de dados e informações em campo por meio de aplicação de questionários socioambientais;
- Identificação de dados e medições de parâmetros sobre a qualidade da água;
- Anotações das observações de campo;
- Registro de campo por meio de gravações de áudio, imagens fotográficas e vídeos.

Além disso, a equipe da UFSCar também realizou reuniões, palestras, mesas redondas e minicursos em eventos acadêmicos de capacitação, palestras em eventos organizados pelas instituições anfitriãs na Universidade Federal de Rondônia, em Ji-Paraná (RO,) e no Instituto Federal do Amapá, em Laranjal do Jari (AP).

Análises e retorno à comunidade
Segundo o professor da UFSCar, a próxima etapa é sistematizar e analisar "os dados, informações, vivências e observações coletadas nas diversas realidades da Amazônia", para obter "como resultado o diagnóstico integrado, propondo alternativas e ações que possibilitem a gestão socioambiental, o turismo sustentável e o desenvolvimento local, construídos de forma conjunta com os moradores locais (numa relação colaborativa entre as comunidades e a Universidade em integração para futuras ações)".

Em projetos como esse, o foco principal é o retorno às comunidades tradicionais: "Todo o conhecimento gerado e saberes identificados pela realização das expedições serão disponibilizados e retornados às comunidades tradicionais, visando propiciar o seu protagonismo em ações concretas e prioritárias para atendimento das demandas socioambientais identificadas - que são muitas relacionadas às condições de vida, ao saneamento básico, saúde, transportes, educação e novas oportunidades profissionais -, a fim de contribuir ao desenvolvimento territorial das regiões envolvidas no Projeto", relata Hanai.

Iniciativa Amazônia+10
A Iniciativa Amazônia+10 é um programa dos Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e do Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência Tecnologia e Inovação (Consecti) e tem a parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

O programa tem como objetivo apoiar a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico na Amazônia Legal, promovendo as interações natureza-sociedade e o desenvolvimento sustentável e inclusivo da região. Mais informações podem ser acessadas pelo portal www.amazoniamaisdez.org.br/projetosapoiados.

A primeira chamada de propostas da Iniciativa Amazônia +10 mobilizou mais de 500 pesquisadores em 20 estados brasileiros. Foram selecionadas 39 propostas de 18 estados e do Distrito Federal - uma delas foi a da UFSCar, com investimentos das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) totalizando R$ 41,9 milhões.

UFSCar e Amazônia+10
Esta foi a primeira vez que a UFSCar participou desse projeto, que envolve a equipe da UFSCar, sob a coordenação do professor Frederico Hanai, junto a outras instituições parceiras: Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioste), sob a coordenação da professora Irene Carniatto; Instituto Federal do Amapá (IFAP), sob a coordenação da professora Nubia Caramello, e a Universidade Federal de Rondônia (UNIR), sob a coordenação dos professores Nara Luisa Reis de Andrade e Ederson Lauri Leandro.

O Projeto contou ainda com financiamento da Fapesp, das FAPs de outros estados das instituições parceiras e também pelo Programa Nacional de Desenvolvimento de Capacidades para o Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (PCDR/MIDR).